A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Conservação, revelou, nesta quarta-feira (7/12), um mistério de cinco décadas: o conteúdo da cápsula do tempo instalada no jardim-terraço da Quinta da Boa Vista, durante as comemorações pelos 150 anos da Independência do Brasil. Idealizada pelo jornalista e escritor Fernando Luís da Câmara Cascudo, filho do antropólogo e folclorista Câmara Cascudo, a cápsula guardava registros do Brasil de 1972 e deveria ser aberta no Bicentenário da Independência.
Dentro dela, foram encontradas publicações da época, como revistas e livros; uma fita com o programa “Participação”, apresentado e dirigido por Fernando Cascudo, com o tema “A herança de uma geração – Brasil 2022”; uma cópia do primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento, que vigorou entre 1972 e 1974; e uma réplica da Bandeira do Brasil, entre outros documentos. Parte do material se deteriorou com a ação do tempo. As relíquias serão transferidas para o Museu da Cidade e para o Arquivo Geral da Cidade.
– Uma cápsula do tempo guarda a memória de uma época. Da mesma forma que preservar nossos monumentos é manter viva a nossa história. Ter a chance de receber essa mensagem que mostra o Brasil de 50 anos atrás nos faz refletir sobre todas as mudanças pelas quais o país passou – disse a secretária de Conservação, Anna Laura Valente Secco.
Na placa de bronze que marcava o local onde a cápsula estava enterrada foi gravada a frase: “Todos que por aqui passem protejam essa laje, pois ela guarda um documento que revela a cultura de uma geração e um marco na História de um povo que soube construir o seu próprio futuro (1972-2022)”.
Cuidados ao abrir a cápsula
Montada pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a cápsula do tempo foi feita em latão, acrílico e um material antimagnético, para proteger o material em videotape, depositado pela TV Tupi. Ela foi projetada e construída pelo engenheiro Elde Pires Braga, que estava à frente da então Divisão de Eletricidade do INT.
– Quando se faz uma cápsula do tempo é preciso ter três cuidados: com a umidade, com as intempéries e com os fungos. Neste caso aqui não houve preocupação com nenhum desses três itens. Imaginávamos que essa caixa tivesse camadas de proteção, mas quando foi aberta verificou-se que não tinha nenhuma proteção para dar sobrevida a todo o material. De qualquer forma, os técnicos e especialistas são bons e vão recuperar boa parte dessa memória que está na caixa – explicou o historiador André Chevitarese, professor do Instituto de História da UFRJ.
O conservador e restaurador Pablo Soeiro, responsável por retirar o conteúdo da caixa, falou dos cuidados necessários durante o processo.
– Para manusear esse tipo de objeto, é preciso usar luvas e tirar anéis, relógios e pulseiras, porque podem prender nas peças e danificá-las. Quanto menos gente mexendo, melhor – afirmou.
Ações pelo Bicentenário da Independência
No Bicentenário da Independência, a Prefeitura do Rio recuperou marcos históricos da cidade. A Secretaria de Conservação entregou a reforma da Quinta da Boa Vista, localizada no Bairro Imperial de São Cristóvão, após quatro meses de obras. Foram recuperados o jardim-terraço que fica diante do Museu Nacional, os quatro portões da Quinta, os monumentos (estátua de D. Pedro II; Templo de Apolo; Gruta e Cascata; Pagode Chinês; Dólmens de Meditação; esculturas Canto das Sereias e Serpente; bustos de José Bonifácio, Auguste Glaziou e Nilo Peçanha) e os elementos em rocaille, como pontes, bancos e guarda-corpos.
Também passaram por reformas as calçadas, a pavimentação das vias internas da Quinta e o gradil do entorno, os banheiros, as quadras poliesportivas e de grama sintética, o campo de saibro, os bancos em concreto e o sistema de drenagem. Também foi implementada uma Academia da Terceira Idade, com equipamentos de ginástica. Além disso, foi instalado um mosaico comemorativo feito em pedras portuguesas, aos pés da estátua de D. Pedro II, perto da Alameda das Sapucaias.
Em outras áreas da cidade, foram restauradas as estátuas de D. Pedro I, na Praça Tiradentes; de José Bonifácio, no Largo de São Francisco; os monumentos da Praça XV, no Centro; e a Ponte dos Jesuítas, em Santa Cruz.