Pelo segundo ano seguido, a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação, em parceria com a Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, capacitou pessoas na arte de trabalhar com pedras portuguesas. A cerimônia de formatura da turma de calceteiros de 2023 foi realizada nesta segunda-feira, 18 de dezembro, no Museu Histórico Nacional, na Praça Marechal Âncora, no Centro. Ao longo de seis semanas, 44 alunos aprenderam, de forma gratuita, as técnicas da calcetaria, e estão aptos a fazerem a manutenção dos famosos pisos que são parte da nossa herança cultural e enfeitam ainda mais a paisagem carioca. O grupo é formado por trabalhadores já contratados por empresas prestadoras de serviço, que foram se aperfeiçoar na função, e pessoas buscando uma oportunidade.
O curso foi dividido em aulas práticas e teóricas, além de visitas guiadas a locais icônicos como o calçadão de Copacabana e as calçadas do Theatro Municipal e da Cinelândia. O conteúdo englobou temas como desafios da conservação urbana, história da Calçada Portuguesa, noções de empreendedorismo e conservação de patrimônio como geração de emprego e renda. Os participantes também aprenderam os principais aspectos da segurança do trabalho e a utilizar materiais e moldes para confecção do calçamento em pedras portuguesas, entre outras coisas. A lista de palestrantes convidados incluiu, além dos secretários de Conservação, Marco Aurelio Regalo de Oliveira, e de Trabalho e Renda, Everton Gomes, profissionais como a artista plástica Moema Branquinho, o historiador Paulo Knauss e o secretário municipal de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte, Leandro César Pereira.
Para o secretário municipal de Conservação, Marco Aurelio Regalo de Oliveira, investir na formação de calceteiros também é uma forma de zelar pela cidade.
– A manutenção de calçadas em pedras portuguesas requer uma formação específica, porque quando o trabalhador não domina a técnica o resultado deixa a desejar e as calçadas se tornam um risco para os pedestres. A oferta do curso tem dois pilares: o primeiro é a questão cultural e artística, no sentido de preservar um patrimônio que é de todos nós, e o segundo é oferecer treinamento e conhecimento para empresas que atuam nas vias públicas, de forma que, após a conclusão dos seus serviços, elas possam restituir à cidade um piso de acordo com o padrão original daquele local – explicou Marco Aurelio.
O secretário municipal de Trabalho e Renda, Everton Gomes, destacou o comprometimento da Prefeitura do Rio e dos novos calceteiros com o patrimônio histórico-cultural carioca.
– Os calceteiros são trabalhadores que contribuem para garantir a identidade da nossa cidade e torná-la reconhecida no mundo todo. Qualificando para o trabalho nessa função, garantimos o futuro desse traço tão carioca que são nossas calçadas de pedras portuguesas– afirmou Everton Gomes.
O paraibano Luziclaudio da Silva Pereira ficou feliz em se aperfeiçoar profissionalmente.
– Eu via colocando pedra portuguesa, mas não sabia do valor que aquela pedra tinha, achava que era uma pedra qualquer. Agora, tenho conhecimento e sei valorizar. É um privilégio fazer esse trabalho de arte. Vai ser muita emoção andar na rua e poder mostrar ao meu filho uma coisa que eu fiz – disse ele.
Paulo Cesar de Oliveira, que já trabalhava para uma empresa que atuava em vias públicas, se apaixonou pelas pedras portuguesas durante as aulas.
– É como na escola: entra sabendo nada e sai sabendo tudo. As pedras portuguesas são símbolos do Rio de Janeiro. Quero fazer um desenho em pedras portuguesas no meu quintal, talvez uma rosa. Vai ficar um trabalho diferente – contou ele.