A Ponte dos Jesuítas, no Bairro Imperial de Santa Cruz, recuperou a sua beleza e foi devolvida à população da Zona Oeste neste sábado (26/11). A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação, restaurou a construção, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1938. A intervenção faz parte das ações para celebrar o Bicentenário da Independência e teve o apoio da Rioluz e da Subprefeitura da Zona Oeste.
Situada na Estrada do Cortume, a Ponte dos Jesuítas foi construída em 1752 e é considerada a primeira obra de engenharia hidráulica do Brasil. Tem cerca de 50 metros de extensão e 6 metros de largura com cinco vãos para a passagem de água, onde originalmente corria o Rio Guandu, cujo fluxo era controlado pelos padres por meio de comportas de madeira. Servia também como ponto de travessia para tropeiros e pedestres que iam e vinham do interior em direção ao Rio de Janeiro.
A entrega teve a presença da secretária de Conservação, Anna Laura Valente Secco, do secretário de Turismo, Antonio Mariano, do jornalista André Luis Mansur, autor de “Santa Cruz – Nos caminhos da Independência”, de Sinvaldo Souza, fundador da Associação dos Amigos da Ponte dos Jesuítas – AAPJ, e de representantes do projeto Descubra Santa Cruz e da comunidade. Também houve apresentação da Banda Sinfônica de Santa Cruz.
Para a secretária de Conservação, Anna Laura Valente Secco, é motivo de orgulho devolver aos cariocas um marco da arquitetura nacional. “A Ponte dos Jesuítas é parte importante da formação da cidade e uma das maravilhas do Rio. Pedimos que a população nos ajude a zelar por essa belíssima construção, denunciando atos de vandalismo. Preservar os monumentos é manter viva a nossa história e a nossa cultura”, disse ela.
Sob a supervisão da Gerência de Monumentos e Chafarizes, as equipes da Conservação executaram serviços como raspagem, limpeza e pintura da Ponte dos Jesuítas, que, assim como os Arcos da Lapa, é feita em pedra e cal. O piso em pé de moleque também recebeu cuidados. No entorno, ações de urbanização e tratamento paisagístico que facilitam a vida dos visitantes, como roçada e capina, recomposição de paralelepípedos, instalação de brinquedos, mesas e bancos, implementação de rampas de acesso ao nível inferior da ponte e construção de meios-fios, entre outras. Além disso, a Avenida Padre Guilherme Decaminada e a Estrada do Cortume, no trecho entre a Avenida Brasil e a Ponte dos Jesuítas, estão com a pavimentação nova em folha, dentro do programa Asfalto Liso.
A Praça da Ponte dos Jesuítas, na esquina da Estrada do Cortume com a Estrada do Guandu, passou por uma verdadeira transformação. A Secretaria Municipal de Conservação urbanizou o local, entregando para a população uma nova área para lazer e convivência. Foram instalados bancos em concreto e equipamentos de ginástica, bem como grampos para coibir estacionamento irregular. Além disso, o espaço recebeu piso em concreto, facilitando a circulação de pedestres.
A Rioluz, por meio da subconcessionária Smartluz, concluiu um projeto de reforço na iluminação local com instalação de 17 novos projetores, instalação de quatro luminárias, sete postes de fibra e a colocação de 700 metros de cabeamento subterrâneo.
O presidente da Rioluz, Paulo Cezar dos Santos, destacou a relevância da Ponte dos Jesuítas para o Rio de Janeiro. “É um patrimônio histórico, arquitetônico e artístico de grande importância da Zona Oeste da cidade e merecia receber um grande projeto de revitalização da prefeitura do Rio”, afirmou.
Sobre a Ponte dos Jesuítas:
Concebida pelo padre Pero Fernandes, a Ponte dos Jesuítas foi erguida na mesma época da abertura de uma estrada para interligar a Fazenda de Santa Cruz, que pertencia aos jesuítas, à região de São Cristóvão. Além de servir para a passagem de tropeiros e pedestres, a construção tinha a função de regularizar o fluxo do Rio Guandu, promovendo a irrigação natural dos pastos e evitando inundações, desviando parte das águas para o Rio Itaguaí por meio de um canal artificial. Com a canalização do Rio Guandu, a ponte perdeu sua função original, mas se manteve como um dos mais belos e raros monumentos da arquitetura jesuítica no Rio de Janeiro.